terça-feira, 23 de agosto de 2011

"Pingu" de Chuva



"É meio bobo, ver coisas fofas como gatinhos e bebês, e lembrar de você.
Por isso, resolvi revirar umas coisas na minha memória turva, inclusive algumas lembranças doloridas, e dar um pouco mais de justiça para o que significa pra mim a dona do melhor "upa" que eu já tive.
Foi com você que eu tive uma noite de macarrão, vinho, Hepburn e Astaire. 
Foi com você que eu tive risadas inigualáveis e conversas inesquecíveis.
Foi com você que tomei café, oferecendo e recebendo assessoria amorosa.
No seu aniversário (e por via de consequência, com você), fiquei epicamente embriagado.
E por isso, mais de uma vez, acordei do teu lado, de ressaca, num colchonete sujo.
Já chorei, já te vi chorar. Já sorri e te fiz sorrir.
E deixei pra depois, mas com certeza este é o fato mais importante:
Foi por sua causa que eu conheci a melhor coisa que eu nunca tive. O amor mais sublime, que achei por sua sugestão. Por tabela, estamos unidos por uma história minha, mas que também é sua, que começou numa noite qualquer de janeiro.
Talvez eu queira expressar minha gratidão falando mais de mim do que de você. Ou eu esteja querendo, inconscientemente, mais uma dose de momentos como esses. Mas a verdade é que, se parar pra pensar, minha alegria e você se tornaram coisas indissociáveis. E se eu te ligo a coisas bonitinhas, daquelas de vomitar arco-íris, é porque você também é uma delas.

Sei que não me esforço pra manter todas as minhas amizades, do jeito que eram antes de eu ir embora. Provavelmente é o nosso caso também. Mas não quer dizer que eu não esqueci. Ou que queria que mudassem. Sei que seu abraço ainda vai ser sincero e amoroso. E o meu também. Pra sempre.
Se quiser me chamar só pra conversar, estou aqui. Ainda sou um bom ouvinte, mesmo que suas questões já tenham um ouvido de destino. Mas uma segunda opinião sempre é boa, não é?
Espero que, com essas linhas, eu consiga mostrar uma décima parte do que eu sinto, essa infinita felicidade de saber que, por mais um ano, você existe pra mim."

Do verdadeiro presenteado neste aniversário.


Giovanni Carús

sábado, 13 de agosto de 2011

das eternidades



Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo o que eu ganhei com o tempo e que vento nenhum leva. Guardo as memórias que me trazem riso, as pessoas que tocaram minha alma e que, de alguma forma, me mudaram pra melhor. Guardo também a infância toda tingida de giz. Tinha jeito de arco-íris a minha.

O pouco é muito pra mim. O simples é tudo que cabe nos meus dias. 

Eu vivo de muitas saudades. E quem se arrebenta de tanto existir, vive pra esbanjar sorrisos e flashes de eternidade.





Cris Carvalho

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

E eu te prometo: Vai passar.




E aí você cai e levanta maior.

E você percebe que amor é algo raro de sentir. E que na verdade, amamos com a cabeça e não com o coração.
Que a mente tem mais poder do que imaginávamos.
E que ser a vítima da história pode não ser bom, mas é mais digno.
E descobre que precisa fingir pra seguir.
E finge que não ama mais. Que esqueceu. Que não deseja que a vida devolva com toda a força um mal que alguém te fez.
E finge com a boca. E finge com os olhos. E finge pra si mesma.
E volta e meia, de tanto fingir, você acredita.
E uma foto, um sorriso, e um olá, trazem a tona tudo aquilo que suja sua felicidade forjada.
E você cai outra vez. Mas cai sabendo que vai levantar forte.
E um dia você acorda e percebe que não está mais fingindo que não sente.
Você tem certeza que tudo aquilo que te deixava triste, deixou de existir.
Aí você percebe que nada foi fingimento.
E passa a chamar de pensamento positivo e certeza de que quem decide o que vai sentir, é você mesma.
E depois disso, tudo passa a doer menos.


Depois disso, tudo passa.


Karla Tabalipa

quarta-feira, 13 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011



Ele nunca soube se eu voltaria: chegava sempre alvoroçada, com pressa pra consumar o amor. Quando me demorava no abraço, ele fazia eternidades daquele instante. envolvia-me com zelo temendo qualquer movimento que o afastasse, qualquer menção de buscar a roupa espalhada. Ele o fazia cheio de delicadeza, não havia como me prender por mais que algumas horas. Buscava um brilho do meu olhar em sua direção, uma entrelinha num sorriso breve, uma malícia qualquer na piscada de olho antes da ida para o banho. Esperava meu convite, mas eu o tinha com tanta abundância que achava que não o queria. era como se nunca fosse se ausentar porque se doava inteiro e sem pressa. Um dia ele chegou antes da hora do meu desejo cru. E ficou contemplando a minha ausência. Não me abraçou como sempre, esperou que eu me aproximasse. Disponível que estava, mas seguro da sua parte feita, esperou que eu me assustasse, que entendesse que eu poderia não voltar se eu não quisesse, que ele saberia conjugar a minha ida no pra sempre. Com alguma dor, naturalmente. Mas estava sereno, quase se despedindo, conformado. E eu me sobressaltei. porque nunca tinha imaginado que ele pudesse ir embora. Nunca tinha imaginado a ausência do toque dele, a falta do beijo, a serenidade que cabia no desejo. Eu esperava alguma coisa mais aflita, uma paixão que gritasse pra eu ficar, um desespero, os argumentos. Mas não, ele me contemplou sem falas, sem pedidos, deixou que todo aquele tempo fosse preenchido por grossas gotas de silêncio e calma. Naquela hora, naquele meu sorriso sem jeito, naquele olhar cheio de frases, um brilho, um brilho tão forte abraçou todo ele com as minhas retinas. E eu o vi como nunca tinha visto antes. Eu o quis como se nunca o tivesse tido entre as minhas pernas. E abandonei o meu corpo no abraço dele, eternizada... Ele que sempre esteve ali e era como se tivesse chegado só naquele instante.




[Marla de Queiroz]